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A Senhora do Comboio

Nesta publicação conto-lhe a história de um episódio que aconteceu na minha vida e que me deu um ensinamento.


Estava eu sentada na estação, à espera do comboio, e uma senhora que devia ter os seus 60 anos veio na direção do banco onde eu estava sentada – estava a olhar para o telemóvel e vi pelo canto do olho a sua aproximação. Quando se ia sentar, eu cheguei a minha mala que estava em cima do banco para mim, para lhe dar lugar. Como havia muito espaço no banco, a senhora a brincar disse:

- Sou gorda, mas não sou tanto!

Eu respondi-lhe prontamente:

- Claro que não, já é um gesto automático… quando vejo alguém que se vai sentar, crio espaço.

E, nessa altura, a resposta da senhora surpreendeu-me:

- Isso é bom sinal, é sinal de que está atenta ao mundo que a rodeia. Há pessoas que param a olhar para o telemóvel, mesmo a meio do caminho e nem se apercebem… uma pessoa para passar sem incomodar tem de as contornar.

Eu respondo, mais uma vez e, quando dou por mim, estamos a ter uma conversa fluída sobre animais de estimação.

Eu, que até ali tinha o telemóvel na mão e estava a tratar de assuntos do blog, pensei que, das duas uma: ou me concentrava no blog e quebrava a conversa com respostas monossilábicas, por falta de atenção, ou falava com a senhora, focando-me apenas nela. E decidi. Fechei o telemóvel, arrumei-o na mala e continuei a conversar: aprende-se muito a ouvir as histórias dos mais velhos e a conhecer pessoas novas.

Eu percebi que a senhora ficou feliz com a atenção que lhe dei, embora pro simpatia tenho dito:

- Não precisava de deixar o que estava a fazer.”

Respondi:

- Já terminei – e não era mentira, terminei uma fase… continuaria em casa.


O comboio dela, diferente do meu, chegou e separámo-nos.


Este episódio fez-me pensar nas pessoas e na dedicação que devemos dar aos outros quando falamos com eles.


Sinto que fiz o correto e, na verdade, não me custou nada. É uma questão de hábito.


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