Olá! Vou contar - lhe uma história, baseada em factos reais, que talvez mude a forma como olha para a sua própria vida, a história do português e do alemão.
Dois amigos, um português e um alemão, estavam a passear por Lisboa, numa bela tarde de sol. O alemão andava a um ritmo muito mais rápido do que o português, pelo que, constantemente, o primeiro tinha de abrandar ou o segundo de acelerar, para que conseguissem andar lado a lado. Por sua vez, o português queixava-se frequentemente de que o alemão demorava muito a passar as passadeiras, porque esperava criteriosamente que o sinal dos peões passasse a verde, e só então é que avançava (embora assim que deixasse de ver o vermelho, o alemão avançasse imediatamente, tendo o português de correr para o apanhar).
Farto daquela diferença de ritmos, o português vira - se para o alemão e diz:
- Olha lá, eu sei que vocês lá na Alemanha seguem as regras todas, e isso é ótimo, mas tens sempre de passar na estrada com sinal verde? Eu também não sou inconsciente, eu olho muito bem para os dois lados e só passo quando vejo que não há perigo.
- Ainda bem que tens cuidado, não seria muito inteligente colocares - te à frente de um carro - comentou o alemão e continuou - Eu ando na rua como vivo a minha vida: sei onde quero chegar e ando sem preguiças, sem procrastinar, sem me parar a mim mesmo, mas sei que há alturas em que é inevitável parar, que não há mesmo possibilidade de avançar com chegada a bom porto, pelo que me mantenho paciente, sem ansiedade. Contudo, assim que se reúnem as condições para continuar, eu não vacilo e avanço a passo firme e seguro, a um ritmo em que me enquadre.
- Mas que filosófico que tu me saíste! Só que até tens razão, às vezes procrastinamos tanto, preguiçamos tanto, vemos as oportunidades a escaparem - nos por entre os dedos, mas à mínima coisa que queiramos exigimo-la para ontem, ficando frustrados quando não a conseguimos.
Depois desta curta conversa, sem qualquer esforço de ambas as partes, os dois amigos começaram a andar ao mesmo ritmo. Chegaram à passadeira, com o sinal dos peões vermelho, e ambos pararam, com um sorriso.